segunda-feira, 17 de março de 2014


Idas e vindas

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O que seria das palavras se elas não pudessem ser escritas? O que seria de nós sem a lembrança das palavras? Sera que podemos ser mais felizes fazendo aquilo que achamos necessário? Quando se trata de amor, necessidades são uma exceção a regra?
Sei que é necessário se viver, mas os meios utilizados para isso nos levam a caminho difíceis. A tortura do que poderia ter sido sempre vai prevalecer  no coração daquele que nunca deixou realmente ir.
Se me tens amor, te peço pra ficares aqui, cuidar de mim, não me deixar fugir. Sou sorrateira como a noite, vivendo com um coração dominado por indecisão. Não quero mais dormir com o ódio e acordar com a solidão. Foi assim que eu parti um dia. Depois de esperar demais, quando percebi que estava cansada de todas aquelas coisas iguais que o futuro me reservava.
Teria ido a outro país só pra me livrar do passado, teria corrido bem mais só pra não ter que olhar pra trás. Mas o mundo não é como a gente quer, então fiquei, me escondi debaixo da cama por uns meses, esperei a poeira baixar, deixei a solidão ser minha amiga, pra então me libertar.
Agora posso dizer que vivo de amor, sem medo, sem mágoa. As flores podem murchar e morrer no inverno, mas na primavera elas voltam a florescer. Tudo é tão bonito no castanho dos teus olhos, tudo é tão infinitamente mais profundo e sincero quando sai da tua boca.
Quero poder ouvir o som da tua voz todos os dias, quero me sentir vivar como sempre deveria ser. Não te faço cobranças se não me fizeres promessas. Melhor jogar a vida no vento e ver pra onde ele nos leva.
Sei que eu não terei mais medo de partir, depois dos primeiros passos o caminho se torna libertador. Me prometa que não esquecerá jamais dos dias felizes no sofá da sala, quando o amor nos bastava, quando o sorriso valia mais que qualquer palavra que o mundo pode jogar na nossa cara.